A Evolução da Rastreabilidade para Gerar Valor para a Cadeia Produtiva de Alimentos
Você com certeza já escutou falar de Indústria 4.0 ou de Agricultura 4.0, mas será que já tinha escutado falar sobre Rastreabilidade 4.0? Provavelmente não.
Criamos o termo Rastreabilidade 4.0 para diferenciar uma nova forma de rastrear produtos que surgiu recentemente, em que se faz uso do que temos de melhor nos dias de hoje. Mas a Rastreabilidade 4.0 não é somente um termo criado ao acaso, é realmente a evolução de um conceito ao longo do tempo. Vamos ver?
Sempre que começamos a fazer rastreabilidade usamos papel e caneta. Lembro que há quase 20 anos, um produtor de hortaliças usava 4 ou 5 cadernos pra controlar a produção. Anotava desde o lote de plantio das mudas até a colheita de seus produtos. Realmente era de tirar o chapéu, um ótimo controle. Mas o problema era a falta de praticidade. Toda vez que fazíamos alguma pergunta eram vários cadernos sobre a mesa, a calculadora e muitos minutos no relógio até chegar a um dado nem tão confiável assim. Qualquer dúvida sobre essa informação era necessário refazer tudo de novo.
Em um segundo momento, passamos a utilizar planilhas eletrônicas ou um sistema de rastreabilidade. A diferença principal entre eles é a facilidade de uso e a diminuição dos erros que um sistema desenvolvido para essa função consegue oferecer. A partir daqui, começamos a ter os dados organizados de uma forma lógica e disponíveis para consulta através de gráficos e relatórios. Em alguns sistemas de rastreabilidade você ainda tem a opção de enviar as informações para imprimir etiquetas de maneira padronizada e automática, sem a necessidade de redigitação dos dados no programa da impressora, o que diminui erros e economiza tempo.
Mas tudo isso ainda é muito pouco. Perceba que até aqui você só se preocupou em resolver o seu problema, ou seja, em coletar dados de forma eficiente e organizada, mas que só você entende e sabe quais são. Está na hora de dar mais um passo e ir para o terceiro nível. Está na hora de adotar padrões para que você possa compartilhar seus dados com toda a cadeia produtiva e não só com quem vai até o seu escritório.
Se você escolheu esse caminho, seja bem-vindo à era da interoperabilidade. Uma palavra não muito conhecida, mas muito importante para a rastreabilidade. A interoperabilidade é a capacidade de um sistema se comunicar de forma transparente com outro sistema, utilizando para isso padrões abertos e reconhecidos entre todos. É o que permite que as suas informações de rastreabilidade geradas pelo seu sistema possa seguir o mesmo caminho que o seu produto e ‘entrar’ no sistema de controle do elo seguinte da cadeia de abastecimento com o mínimo esforço possível.
Só assim, vamos criar uma verdadeira corrente de informações desde a produção até o destino final, de forma acessível e aberta a todos.
Só assim, vamos estar prontos para mais um passo e conseguir chegar a Rastreabilidade 4.0 em que usamos IoT e Blockchain para coletar e armazenar as nossas informações de rastreabilidade.
Com IoT conseguimos capturar dados em tempo real de sensores, máquinas e qualquer outro tipo de hardware, sem interferência humana e sem chance de erro.
Com Blockchain gravamos os dados de forma segura, confiável e rastreável . Para quem não conhece ainda, de forma bem simples, o Blockchain é como um livro de registro digital, em que armazenamos e compartilhamos informações.
Enxergamos a rastreabilidade como um todo e não em partes. Por isso damos importância a toda a cadeia produtiva, mas em especial a produção, pois é onde se criam os pilares que serão compartilhados por todo o ciclo de vida do produto. Mais do que isso, é aqui que tudo começa. De dentro para fora.
Qualquer outro caminho pode parecer mais rápido, mas não é mais duradouro.
Acreditamos na rastreabilidade no momento – real time – e não na rastreabilidade que conta uma história do passado, sobre fatos e lugares que não podemos mais alterar.
Fazemos rastreabilidade porque acreditamos que isso pode empoderar as pessoas, transmitindo a verdade de cada produto.
Para tudo isso, damos o nome de rastreabilidade 4.0
Contribuição de Luciano Tamiso
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